Undercover Investigation Reveals Kitten Deaths and Other Animal Suffering. Learn More.
Sou testemunha do desrespeito que se tem aos animais em algumas faculdades, não sei se em todas, mas naquelas por onde passei. Incrivelmente rodeada de pessoas inteligentes, por vezes, génios académicos, fui sempre uma voz solitária nos meus protestos. Para aprendermos sobre circuitos neuronais e impulsos eléctricos, sacrificavam-se ratos, um por cada três alunos. Verificava que uma sala daria à vontade para mais três alunos (pelo menos), o que pouparia a vida a cinco ratos. Mas não se dá valor à vida animal. Vi também colegas que desistiam de doutoramentos que envolviam macacos, por não aguentarem as questões morais que isso lhes impunha, e falavam das atrocidades desnecessárias a que assistiam. Requer muita coragem desistir de um doutoramento a meio. Vi muitos engolirem e conformar-se em nome da ambição. Vi também uma assistente muito zangada por ter que matar um porquinho da índia, só para termos uma aula sobre o sistema auditivo. Mas ao menos foi um porquinho da índia para a turma toda. Os porquinhos da índia devem sair mais caros. Tenho duas amigas chinesas médicas que me contam que na China treinavam as operações em cães mal anestesiados. Uma delas lembra as lágrimas amargas que lhe corriam pela cara enquanto operava um cão que acordou a meio da operação. Quis parar, mas os professores obrigaram-na a continuar sob pena de expulsão. Ela ainda chora quando pensa nos sons de agonia e dor. O cão morreu. Outra colega cortava as cabeças de pintainhos vivos com uma tesoura. Se lhe fazia impressão? Não, tinha que ser para acabar a tese de mestrado. Essa mesma salvou uns ratos de laboratório e levou-os para casa, depois de acabado o estágio. Foi para compensar os pintainhos. Outra, no fim de semana que sucedia à matança dos ratos, ficava em depressão. Esta matança mensal não levou a publicação e então mudou de laboratório. Quantos ratos? assim de cabeça perdeu a conta. Eu também já trabalhei com animais, adormecíamos os dois ao fim de semana, o rato dentro da máquina e eu, em frente ao computador, naquelas horas que durava a experiência mais monótona do mundo. Apaziguava-me ver os meus ratinhos sossegados por serem velhinhos (em idade de laboratório, que é uma vida curta) e ninguém lhes querer pôr eléctrodos às cores nos cérebros a sairem pelas cabeças, como via noutros ratinhos zombies de gaiolas vizinhas. Devíamos estar gratos a estes animais que se sacrificam contra a sua vontade para publicarmos artigos, subirmos nas carreiras, aprendermos anatomia e raramente, salvarmos vidas humanas. Sou a favor de regulamentos rigidos, fiscalização, responsabilização, sempre que se tratam de vidas. Não sou contra a experimentação animal, sou contra o que se faz em nome da ciência. Contra o desrespeito pela vida, seja esta de quem for.
14 comentários:
Ecila, este teu post levou-me às lágrimas, com estas descrições terríficas. É que nós suspeitamos, mas os relatos apanham-nos ainda assim de surpresa.
Quanta sintonia ao que tenho discutido com conhecidos! Sou vegana e tenho amigos vegetarianos. Alguns fazem faculdades que envolvem tais mortes e testes com animais. Alguns desses meus amigos se recusam a ver as aulas, algo que eu acho louvável e corretíssimo, uma vez que acham errado. Eles contam como seus colegas acham normal e gostam de aulas práticas e dizem que os animais foram criados para aquilo e, portanto, não teria problema algum. É um pensamento cruel quando comparado com o que eu acredito. Sou contra tais experimentos com animais vivos, mas não pretendo alongar-me. A questão é deveras complicada e as linhas da ética podem ficar trêmulas quando contrapostas a decisões difíceis, como tomar medicação quando fica doente ou submeter-se a alguma cirurgia em caso de necessidade. Enfim, podiam aproveitar imagens já feitas, fotografias, em vez de ficarem fazendo experimentos aulas a aulas. Em vez de criarem e matarem tantos animais. Enfim, divago.
A título de curiosidade, no início desse ano, uma brasileira conseguiu dispensa desse tipo de aulas (curso de biologia): http://vista-se.com.br/site/estudante-vegetariana-ganha-dispensa-de-aula-com-animais
É uma verdade sobejamente conhecida, mas passamos a vida a fechar-lhe os olhos. Custou um bocadinho ler este post... :(
estou totalmente de acordo com o que escreves, a não ser talvez a parte de os animsais se sacrificarem contra a sua vontade.
nao são sacrificados contra a sua vontade. não teem vontade. não lhes é perguntado, "queres?". nada. não são tidos nem achados.~
são sacrificados por nossa vontade, não contra as deles.
bjs
O Partido Pelos Animais convida todos os Portugueses a assinarem esta petição contra a transmissão de touradas pela televisão pública - que usa o dinheiro dos contribuintes para divulgar a tortura e não a cultura e a favor da sua criminalização.
Pelo bem de todos os seres sencientes, incluindo o de quem, por ignorância, os faz sofrer.
Leia o texto da petição e assine-a
http://www.petitiononline.com/touradas/petition.html
Woman Once a Bird, desculpa, nao pensei escrever algo terrivel, mas apenas uma descricao do que vi e ouvi. Também me apanhou de surpresa, era muito ingénua, e nunca pensei que a vida e a dor animal tivesse tao pouco valor.
ntozei, engracado como achamos que os animais sao criados para nosso belo prazer e vontades. Louvável que os teus amigos se recusem, eu por exemplo, nunca conheci ninguem que se recusasse, nem sequer os colegas vegetarianos. Na altura nao era vegetariana e era a unica a protestar. Há muitas formas de poupar a vida de animais, em quantidade e em respeito.
Por exemplo, para a cadeira de anatomia cerebral humana usámos um modelo 3D muito fiel ao real, ou placas de cérebro preparadas para o efeito que serviam várias turmas. Quando chega aos animais nao humanos, na verdade, acho que ninguém quer saber.
Obrigada pelo link, nao conhecia, deve ser um caso único.
mae preocupada, é uma pena fechar-se os olhos, porque sao tantos, milhares, milhoes de animais enjaulados nas faculdades do mundo. Nao sei se há estatisticas, mas pelo que vi, só na Alemanha devem ser muitos milhares :-(
G! Entendo o teu ponto de vista, acho também que nao tendo voz activa para dizer que nao ou sim, nao lhes é dado o direito de terem vontades. Quem tem a vontade somos nós e um poder absoluto sobre o que lhes fazemos. Mas acho que "contra a vontade deles" é fiel à verdade.
PPA Sintra, é uma vergonha que em pleno século XXI eventos desse tipo ainda passem na televisao pública. Boa sorte para a peticao.
Ecila, acredito que o problema de muitas pessoas é não pararem para refletir sobre o que fazem. Seguem a vida por inércia e, ao se depararem com alguns dilemas, preferem acreditar que o mundo é maravilhoso da forma como vivem. Preferem não saber como a comida chegou no prato, que é para não se sentirem culpadas. Outras sabem de tudo, mas acham que os animais estão aí para serem usados mesmo. A diferença de valores dessas pessoas com os meus é grande e aí eu não sei o que fazer.
Fico super feliz ao encontrar vegetarianos e veganos mundo afora. Os que seguem a linha abolicionista são aqueles que acreditam que os animais não estão aí para serem usados, independente de serem criados "felizes" ou confinados e independente de a consequência ser benéfica para o ser humano ou não. Não sei se conhecia esse termo/grupo, por isso quis deixar explícito.
E, claro, fico sempre feliz quando vejo iniciativas veganas, como o documentário Peaceable Kingdom, premiado no festival de cinema Moondance International. Não vi o doc ainda, só o trailer, mas verei assim que tiver acesso e tempo. http://www.peaceablekingdomfilm.org/
E no mesmo site do Peaceble Kingdom, tem o documentário The Withness, também sobre animais e também premiado em festivais de cinema! http://www.witnessfilm.org/
ntozei, já conhecia o documentário The Witness e é uma inspiracao,adoro! Nao consegui encontrar o "Peaceable Kingdom: the jorney home" online, creio que só para o ano é que teremos essa sorte. No entanto vi o Peaceable Kingdom, o de 2004, e adorei!! Oh céus, o quanto gostava de ajudar naquela quinta :-) Muito obrigada pela partilha, partilha sempre, sim? :-)
Ecila, que legal que vc conhecia os docs e achou legal. Partilharei sempre que conseguir, pode deixar.
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