quarta-feira, 25 de agosto de 2010

some stunning music videos for inspiration


Moderat are an indie electronic band based in Berlin. Below we share a brilliant mesmerizing video by the Pfadfinderei studio for their track "Rusty Nails". The motion, postures and textures are so dreamlike, enjoy:



The next video was recently released for Baths' "Lovely Bloodflow" (directed by Alex Takacs and Joe Nanikn of Young Replicant) and we recommend it for its cinematic beauty. It depicts the last minutes in the life of an injured samurai, whose dying moments are prolonged by two fascinating spirits of the forest (yokai), who take him to meet the main forest spirit. This one will finally put an end to his agony in exchange of his soul.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"I wet my bed": variações na liberdade de expressão


Example:
5 Year Old: “I wet my bed.”
Everyone: “Awww!”
25 Year Old: “I wet my bed.”
Everyone: “Dude, that’s gross. What’s wrong with you?”
85 Year Old: “I wet my bed.”
Everyone: “Awww!”

In Doghouse Diaries

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A inteligência está a perder terreno

"Pensa que, para além de não haver muitos leitores, a leitura está a perder terreno neste momento?

O que está a perder terreno é a inteligência. Estamos a tornar-nos mais estúpidos porque vivemos numa sociedade na qual temos de ser consumidores para que essa sociedade sobreviva. E para ser consumidor, é preciso ser estúpido, porque uma pessoa inteligente nunca gastaria 300 euros num par de calças de ganga rasgadas. É preciso ser mesmo estúpido para isso.

Essa educação da estupidez faz-se desde muito cedo, desde o jardim de infância. É preciso um esforço muito grande para diluir a inteligência das crianças, mas estamos a fazê-lo muito bem. Estamos a conseguir destruir aos poucos os sistemas educativos, éticos e morais, o valor do acto intelectual."

Há pessoas que sabem escolher as palavras certas para aquilo que pensamos.

Leiam o resto da entrevista a Alberto Manguel no site da Ípsilon.

Gracas à Woman Once a Bird do blog Um Blogue que Seja Seu.

No Inferno todos vestem roupas brancas

"Ainda não amanheceu, estamos diante da chuva e do frio do inverno gaúcho à espera do ônibus que irá nos guiar até um dos maiores matadouros do RS. Somos estudantes de medicina veterinária, cursando uma disciplina obrigatória de inspeção de produtos de origem animal. A maioria de nós encontra-se eufórica, à espera dos ‘momentos emocionantes’ do dia. Eu estou em um canto, sendo observada de perto pela professora e o coordenador do curso, que ao saberem que sou vegana e ativista, temem que eu tenha um colapso na linha de matança.
Entramos no ônibus e seguimos viagem. No caminho, a sensação de que as cenas que eu teria que presenciar não seriam diferentes daquelas filmadas clandestinamente em matadouros ao redor do mundo, e ao mesmo tempo o sentimento inequívoco de que estaria prestes a presenciar uma série de crimes considerados ‘necessários’ pela humanidade.
(...)

Somos levados até os currais onde podemos ver os suínos vivos serem empurrados para o escorregador. Eles estão em pânico, uns sobem sobre os outros, enquanto nos olham fixamente nos olhos com a real expressão do horror. Os gritos tornam-se cada vez mais altos e o funcionário os empurra com o bastão de choques. Mais atrás está outro funcionário com uma espécie de relho feito de sacos plásticos, e o desfere contra o lombo dos animais para estes andarem na direção da matança. O veterinário nos explica que o relho é feito deste material para não machucar os animais. Isto constituiria crueldade, algo condenável pelo ‘bem-estar animal’, valor muito importante dentro da empresa, e que poderia acarretar em lesões cutâneas, afetando negativamente o valor da carcaça."

Gracas ao blog Montão de Coisas

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Tudo por causa da mafia russa

Ouvi "mafia russa" e de repente todos os meus radares profissionais ficaram activos. Tocou o alerta no meu cérebro. Até então, não estava a prestar muita atenção à conversa, para não dizer nenhuma, mas as palavras chave iniciaram a ignição, as luzes acenderam. Como, desculpa, o quê? Que mafia russa? E foi o desenrolar de uma história complicada, com a tal mafia russa, tribunais, contas bancárias, milhares de euros, investigação secreta em Londres, hackers, policia, enfim... um livro. Tudo encaixava, havia respostas para as nossas perguntas. Afinal, coisas incríveis acontecem às pessoas. Como nos filmes. Devias escrever um livro, foi o que lhe disse no final. O meu cérebro sussurrava-me o diagnóstico, e eu dizia o que deve ser dito para manter a normalidade. Ena que história, disse-me uma amiga mais tarde. Sim, que história. Ouço sempre histórias incríveis das pessoas com esquizofrenia, rematei. Nãooooo, não pode ser, respondeu ela. 

Ele foi dos poucos que se disponibilizou a ajudar. É bom rapaz. É até ingénuo. Lutei para me abstrair de diagnósticos. Ele é uma boa pessoa. Mais tarde queríamos celebrar a mudança de casa (aqui as mudanças fazem parte da vida) com jantar e saida. Sentámo-nos todos no restaurante e fizemos os nossos pedidos, estávamos esfomeados. Ele tinha ido a casa tomar duche. Fuma muito, logo transpira muito. Passado um tempo, já estávamos a comer, aparece ele. Vestiu a roupa que acha que lhe fica bem, cabelo penteado, cheiroso. Senta-se connosco. Fala muito, escuta pouco. Um discurso saltitante. Cheque. Que coisas extraordinárias lhe saem da boca. Gosta de ilustrar o que diz, com fotos que guarda no seu iPhone. Tem fotos de tudo. Fomos a uma festa zombie, conta, e mostra-me as fotos da festa. Tenho duas gatas, mãe e filha. Mostra-me as fotos (e vídeos) das gatas. Vai contando as histórias. Controlo-me para não fazer os irritantes cheques na minha cabeça. A noite continua. Mais coisas extraordinárias, negócios de pedras preciosas, contactos com o governo búlgaro. Cheque. Finalmente, ele explica contente que gostava de falar comigo. Pois, eu sei, tenho cara daquilo que sou. Além disso, não consigo evitar investigar, está-me no cérebro. Dou atenção ao que me parece um caso de investigação, porque tenho os radares ligados desde as palavras chave. Não hesita. Não filtra, não inibe, não esconde. Cheque. Conta tudo. Comprimidos, drogas, psicólogos, psiquiatras. Vozes. Cheque mate. 

Vozes? Sim. Espero não te ter assustado. Não, não me assustas. Desde quando? Desde os 13 anos de idade. Pois, encaixa. Posso telefonar-te para falarmos às vezes? Oh céus...tudo me passa pela cabeça. Recusar como? Mais difícil ainda ... porquê? Eu, que na minha profissão trabalho contra a discriminação, que sei o quão importante é eles terem amigos, terem amor na vida, terem apoio. Que sei que a depressão varre vidas sensíveis devido ao isolamento e preconceito. A solidão. Uma mão amiga poderia ter salvo esta vida, lembrei-me. Eu, que já conheci várias pessoas com esquizofrenia abusadas pelos outros. Que sei que o que vem nos jornais não é a realidade clínica. A prova dos nove à minha frente, a sorrir esperançoso. Não dentro das paredes de um hospital, mas num bar, entre amigos. Alguém que nos ajudou tanto, mais do que um dia. Mais houvesse, mais ajudava. Os outros, os "saudáveis", lá iam fazer um jeitinho, se desse, entre as 14h32 e as 16h10 (pena, já tenho coisas combinadas). Alguém que alegremente quer ajudar. Mesmo depois de uma noite de festa e três horas de sono. Alguém que tem opiniões sensatas sobre a sociedade, as pessoas, a politica. Inteligente (um autêntico geek). Artista, músico. Sei que me vai telefonar. Sei que o vou escutar. Toma comprimidos para a vida. Ouve vozes, so what? Eu, por exemplo, já não sei escrever português e tenho que utilizar expressões inglesas. Há quem ache isso estranho. Já para não falar nas luzes que claramente visualizo na minha cabeça quando se acendem os alertas. Está bem, respondi. Sou amiga de um esquizofrenico.