Passear de bicicleta ao anoitecer de um dia quente na Alemanha, tem a sua aura de magia. Ao longo do parque vemos, devagarinho, à medida que a noite cai, entes luminosos por entre as árvores, saindo de flores, pairando o lago, subindo aos céus. De repente, tudo ao nosso lado está rodeado destas fadas intermitentes. Dançam no ar, brincam às escondidas no bosque. Voam à frente da bicicleta e misturam-se com aqueles que saem do caminho. Já não sei se estou a voar também, um efeito esplêndido de ilusão. Sorrio no escuro ponteado de luzinhas. Isto até me dar conta que o chão tem uns seres aos pulinhos, pequeninos e escuros. Tenho que pôr a luz na bicicleta, senão ainda esmago algum. Com a luz chega a realidade. Os momentos de magia são sempre assim, bons e curtos. Os pirilampos fogem para a floresta e eu desvio-me cautelosamente das rãs pequeninas (ou serão sapos). Já não voo, agora pedalo aos ziguezagues. Mesmo assim, o sentimento de ilusão continua, e com sorte, vou fechar os olhos e adormecer no mundo das fadas. Até a luz chegar.
("Hotaru-gari I", pintura de Robin Street-Morris, aqui)
("Hotaru-gari I", pintura de Robin Street-Morris, aqui)
2 comentários:
as pessoas não são muito estranhas na alemanha? eu só conheci um alemão que gostei e esse era apaixonado pela américa latina e viveu lá algum tempo.
bem sei que retirando (na alemanha) vai dar ao mesmo.
Acho que quase todos os alemaes que conheco sao apaixonados pela America latina ;-)
Eles têm o seu quê de estranhos (para nós portugueses). É uma cultura muito diferente da nossa.
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