No cabeleireiro havia uma revista Vogue. Tão famosa que é a dita que eu folhei-a de uma ponta à outra, enquanto esperava que passassem os 35 minutos que me assegurara a Tina, seria o tempo necessário para a cor assentar, isto com um cronómetro à minha frente especificamente acertado para 35 minutos. Moda, moda e mais moda, cheguei às páginas dos adereços e respectivos preços. Por vezes acho que devo ser muito ingénua. Penso que o mundo todo já se apercebeu do que é certo e errado, do que não se deve mesmo fazer, de que todos nos esforçamos para melhorar o planeta. Sim, sou uma ingénua (confirmado pelos amigos). As páginas dos adereços mostravam malas de pele de cobra e crocodilo, sapatos (horrorosos por sinal) forrados com pele de cobra ou com penas "ave do paraiso" (duvido que as penas venham realmente de uma ave do paraíso, mas só a alusão dá-me vómitos), casacos de pele zebra. Os sapatos da ave do paraíso custavam cerca de 10.000 euros (nao quero acreditar, mas se calhar as penas vêm mesmo da ave do paraiso). Acho que prefiro as revistas popularuchas a dizer mal da vida alheia. Porque ingenuamente, julgava eu que o mundo inteiro já tinha percebido que há certas coisas em que não se deve tocar, muito menos para nos vestirmos (horrorosamente) à carnaval sem o mínimo de responsabilidade sobre o que levamos na pele. Pensava eu que estava na moda ser consciente (minimamente!). Dizem que tenho um ar doce, até já ouvi demasiado doce. Pois deve ser só o ar, porque na altura apeteceu-me uns sapatos feitos de pele Valentino rosada, com tiras bronzeadas à solário. A revista Vogue entrou para a minha lista de persona-non-grata (fully unacceptable). Não sou tão doce como supostamente pareço.
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