Um amigo quis que eu visse as mudanças na Costa da Caparica, mas não me disse quais eram. Esperou pacientemente (e acho que com um sorrizinho interior irónico) para ver a minha cara. Os meus amigos conhecem-me bem. E eu toda feliz, Oh que querido quer que eu veja o mar. Qual mar, qual praia. O mar deu lugar àquilo que mais abomino em Portugal, o betão. Ao chegar à Costa só vi betão. O betão às bolinhas (haja falta de gosto até no betão) cinzento tapa toda a vista de mar ao chegar à Costa. Comecei logo a barafustar. E ele a rir. Eu sei que o problema é meu, se não são os outros que têm falta de visão, logo devo ser eu. Ouvi de várias pessoas com quem falei que sim senhor, aquilo agora está melhor, ao menos os bares estão todos iguais. Os bares estão todos iguais? Não sei bem o que é que isso contribui para a felicidade do pessoal, mas eu só vejo é barbaridades arquitectónicas e estruturais. O antigo restaurante, que até era giro, da Carolina do Aires, é nada mais do que uma caixa de madeira igual às outras. Caixas de madeira modernas, descaracterização no seu pior. Já para não falar do novo edifício logo à entrada da rua principal que é assim uma espécie de atentado à beleza. E que ainda por cima foi feito em cima (sim em cima) de uma casa térrea que lá havia, típica das regiões costeiras, com um painel de conchas à entrada. Não sei porque é que as pessoas acham que o que se faz de novo é sempre melhor, apenas porque se fez algo. Eu acho que se não é para fazer melhor então mais vale estar quieto. Acho que se deve usar o dinheiro (que pelos vistos existe) para restaurar o típico da região, promover a qualidade de vida. Qualidade! O que ainda salva a Costa são as palmeiras, que sempre dão um ar de Verão à paisagem, as palmeiras têm a boa função de melhorar (disfarçar) as paisagens agressivas (como a cidade da Costa da Caparica). E assim, enchemos as nossas costas de betão. Enchemos as nossas áreas em tempos protegidas, de betão. O que me leva à conclusão que quem faz isto só tem uma coisa na cabeça (em vez de cérebro): betão!
E a mania de colocar nas rotundas (ala, sagrada terra das rotundas) e em tudo o que é espaço verde, esculturas metálicas ferrugentas? De onde é que vem esta brilhante ideia (brilhante quando chove e bate o sol)? Acho mesmo que enquanto não destruirmos tudo o que temos de belo, não descansamos (mesmo as rotundas, que não podem ser deixadas em paz apenas com relva e árvores). Isto lembra-me o novo restaurante numa aldeia que já foi do meu coração (deixou de ser depois de ter sido invadida pelos britânicos e os seus campos de golfe e marinas poluentes de praias outrora paradisíacas), pertencente a uma família minha amiga. O novo restaurante, orgulho da terra, era nada mais nada menos que um bloco de dois andares (numa aldeia térrea do Algarve) com uns arcos em rosa no topo, um dos edifícios mais feios em que pus os olhinhos, e reparem que em Portugal isso até é difícil de conseguir. Agora a sério... há falta de visão em Portugal ou sou eu que preciso de óculos (talvez de armação de ferro ferrugento)?
E a mania de colocar nas rotundas (ala, sagrada terra das rotundas) e em tudo o que é espaço verde, esculturas metálicas ferrugentas? De onde é que vem esta brilhante ideia (brilhante quando chove e bate o sol)? Acho mesmo que enquanto não destruirmos tudo o que temos de belo, não descansamos (mesmo as rotundas, que não podem ser deixadas em paz apenas com relva e árvores). Isto lembra-me o novo restaurante numa aldeia que já foi do meu coração (deixou de ser depois de ter sido invadida pelos britânicos e os seus campos de golfe e marinas poluentes de praias outrora paradisíacas), pertencente a uma família minha amiga. O novo restaurante, orgulho da terra, era nada mais nada menos que um bloco de dois andares (numa aldeia térrea do Algarve) com uns arcos em rosa no topo, um dos edifícios mais feios em que pus os olhinhos, e reparem que em Portugal isso até é difícil de conseguir. Agora a sério... há falta de visão em Portugal ou sou eu que preciso de óculos (talvez de armação de ferro ferrugento)?
12 comentários:
Precisas nada de óculos, tens toda a razão , aí na costa cultiva-se betão e mau gosto.
Beijos
Para mim, o que salva a Costa da Caparica é a minha memória dos meus filhos pequeninos, no banho, com o avô, a melhor pessoa do mundo, o gelado pós-banho, a infância deles, a minha juventude. Preciso de outra vida, porque nesta já esgotei as doçuras das infâncias. Beijinhos Alice
I.D.Pena, pois infelizmente é isso sim. Beijinhos
Madalena, que memórias tao especiais e bonitas :-) também tenho boas memórias das praias da costa da caparica. Talvez por isso me custe tanto ver o que vao fazendo e tremo só de pensar no que ainda farao...
Beijinhos
Ao ler o teu post pensei automaticamente em Portimao, onde tenho familia e costumo passar as férias de Verao desde os tempos em que tenho memória. Acontece precisamente a mesma coisa. Cimento a cores por todo o lado. Mais parece um puzzle de pecas que nao encaixam. Há imensas obras embargadas, prédios a cair por nao terem concessao, aos quais ninguém pega por nao haver dinheiro (ah ah). Um atentado à beleza da rocha do Algarve. E chamam a isso sinais de progresso? o tal do mais por menos. Completamente irracional.
Nao conheco a Costa, mas este tipo de aberracoes vê-se infelizmente um pouco por todo o Portugal.
não há falta de visão, há falta de gosto..
Ariadne, conheco pouco Portimao, acho que lá fui uma ou duas vezes. O que descreves foi a razao de tao poucas visitas, fui visitar uns amigos que estavam lá de férias e pronto. Com carro ainda dá para fugir para umas praias engracadas :-)
Miss G, infelizmente é por Portugal inteiro sim. Alguem devia fazer um blog sobre aberracoes arquitectonicas em Portugal. Só na regiao Lisboa e arredores teria matéria para uma vida!
G! e qual a cura? (sério que gostava de saber)
em viana do castelo nada disso acontece! e temos prais maravilhosas, só a água é q é fria.
(o mec é demais, tb eu tenho saudades da kapa, tinha quase todas as revistas, desgraçadamente desapareceram. snif)
Subtilezas, eu só ouco coisas boas de Viana do Castelo (inclusive o acabar com as touradas). Da próxima vez que for a Portugal dou lá um pulinho :-)
Eu tinha as Kapas todinhas (numero 1 inclusive) e emprestei muitas. Foi um erro, porque nunca mais as vi.
Não acho que o problema seja teu... Não suporto o que têm feito com o Algarve. Eu passava metade do ano num aldeia de pescadores que agora é uma "metrópole" desorganizada, feia e visualmente poluída... :(
eu acho as palmeiras muito kitsch, como toda a costa da caparica e o seu betão aliás, mas as palmeiras, francamente ! onde é que as foram buscar ? à disneylândia ? como se a nossa costa fosse uma espécie de riviera tunisina ou qualquer fantasia do género ...
Nikky também nao suporto o que têm feito ao Algarve. A pressao, inclusive dos locais, para construir barbaridades é muita. E agora pressionam para construir na costa alentejana. E lá se vai a melhor costa da Europa :-(
Vera, eu gosto de palmeiras. Acho que cheiram a Verao. Acho mesmo que as palmeiras disfarcam a feiura circundante. Sem palmeiras a coisa ainda seria pior (se é que isso é possivel)
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