O Expresso online publicou um artigo sobre prendas que mudaram vidas. Com a excepção da frase, logo no primeiro caso "Até arranjou uma namorada de 28 anos!", muito desnecessária, de carácter discriminatório, com que já nos habituámos a viver (eu não me habituo, mas sempre fui assim, não há nada a fazer) e que não tem outra função, a meu ver, senão diminuir a qualidade do texto, o resto do artigo é de facto, inspirador. As histórias são todas fascinantes, gostei particularmente das duas últimas porque mencionam instituições de voluntariado que apoiam a faixa etária que mais sofre de solidão -os idosos- um problema generalizado da actual sociedade ocidental. Realço duas instituições mencionadas no artigo:
Banco do Tempo
Nos Médicos do Mundo, Floripes aprendeu a ler quase aos 80 anos, o que me enche de ternura, pois pode parecer pouco, mas não é. Lembro-me da minha avó paterna que também não sabia ler, mas que até ao final dos seus dias repetia o quanto lamentava essa lacuna. Pedia-me para lhe ler pequenos textos em revistas, as caixas dos medicamentos, etc. Acho que uma das maiores alegrias da minha vida foi aprender a ler e teria sido uma das maiores alegrias da vida dela.
O Banco do Tempo é uma ideia fantástica! Baseia-se no conceito de dar e receber e reforça, assim, a entreajuda comunitária. Do que mais precisamos no mundo! Por exemplo, o Artur como exerceu durante muito tempo a profissão de treinador de voleibol, foi convidado a dar aulas de ginástica. Também ajuda outras pessoas, inscritas no Banco do Tempo, a montar móveis. Em troca requisitou serviços de alguém que percebesse de canalização. Sério, até me mudava para Portugal só para fazer parte desta fabulosa iniciativa.
"A maior prenda que recebeu foi aprender a ler. Era um sonho antigo, que nunca tinha conseguido concretizar. "O meu falecido pai não me deixou ir à escola. Dizia que as meninas não precisavam de aprender a escrever, tinham era de aprender a trabalhar. Se o meu pai me tivesse deixado ir à escola, podia ter sido alguém. Assim, não sou ninguém", diz. "Disseram-me que ali, nos Médicos do Mundo, se ensinava a ler. E eu fui. Uma professora dava aulas a cerca de dez alunos. Agora, já sei ler e escrever - não como eu queria, mas já sei. Também já sei assinar o meu nome, e até escrevi duas cartas para eles, a agradecer", conta, sorrindo. Tira uma carta com letra arrumada, o agradecimento por um passeio a Santarém (...). D. Floripes até se estreou na poesia... "Penso, na rua, pelo caminho, e quando chego a casa escrevo. Gosto muito de puxar pela cabeça, de saber o que vou escrever...".
4 comentários:
Quantas histórias interessantes!Bem inspiradoras mesmo.
Estas histórias contêm o verdadeiro espirito do Natal, a vontade de ajudar outras pessoas :-)
Ecila
Deviam mudar o mundo e o Natal também. Não consigo aceitar e repudio este espírito consumista que se associou à quadra natalícia.
Obrigada por partilhar estas histórias de espírito realmente natalício.
Olá Manuela :) Aos poucos talvez as coisas mudem. Este ano nao dou prendas consumistas e algumas pessoas que conheco, apesar de primeiro terem ficado um pouco chocadas com a decisao, agora já me dizem que também querem voltar ao verdadeiro espirito natalicio. Aos poucos, aos poucos :-)
Postar um comentário