terça-feira, 29 de março de 2011

Ah sim?


Frequentemente não tenho nada a dizer. Sou, por exemplo, péssima em primeiros encontros. Porque, além de frequentemente não ter nada para dizer, com pessoas que não conheço bem e onde existe assim uma espécie de pressão intimista, a esses não tenho MESMO nada a dizer. Por muito que desconfie que goste da pessoa (a essa altura do campeonato é apenas uma suspeita), não consigo discernir no meu cérebro algo que encaixe na conversa ou no momento. O cúmulo é que quanto mais química sinto, menos tenho para dizer. Acho que a química me entope os neuroreceptores.
Sei que sou assim. Os silêncios raramente me incomodam. Distraio-me muito a observar os outros. As mais pequeninas coisas, desde o casal na outra mesa em que um dos pares não olha nos olhos do outro enquanto fala (para mim das coisas mais repulsivas num potencial parceiro), à empregada que trata mal a colega no seu primeiro dia (typisch), ao rapaz que está a fazer um esforço sobrenatural para ser charmoso (perde logo o charme) e a rapariga à sua frente que não consegue piscar os olhos devido à camada de rímel que colocou (ou serão postiças? Ouvi dizer que é incomodo). Os humanos são um sem fim de comportamentos bizarros e interessantes.
Portanto, até não me chateio muito quando a outra pessoa se revela ser um daqueles casos típicos eu-eu-eu e fala sobre si toda a noite, sem grandes perguntas para o meu lado. Nos raros momentos que se lembra que existo e me pergunta algo, eu respondo, claro, não sou maluca (ha ha). Só não tenho nada a dizer voluntariamente. Ou teria mais, se entretanto vislumbrasse algum interesse vindo do grande ego. Faço perguntas de acordo com o discurso do outro, na minha cabeça vou ouvindo uns “o quê???”, enquanto da minha boca saem uns “ah sim?” e pronto, até mesmo antes do primeiro encontro já estou a imaginar tudo uma seca.
Por isso, sempre achei estranho que depois de uns tempos de encontros unilaterais, em que o outro vomitou todos os seus interesses, opiniões, grandes ideias (são uns génios), cérebros aceleradíssimos (muitos se “queixam” disto, ou é só comigo?), o eu-eu-eu em grande potência, me declaram com olhos a brilhar que estão apaixonados. Nestes casos a dúvida que persiste é sempre a mesma…mas apaixonados por quem? 

quarta-feira, 9 de março de 2011

A verdade prevalece


Prisão Panopticon: prisioneiros nas suas celas, Cuba, 1926
Aconselha-nos o coleccionador de fotos registar sempre a data e o nome nas fotos, mesmo nas digitais. As pessoas morrem, os eventos passam, mas a foto fica. Um oftalmologista de Nova Iorque, chamado Burns, tem na sua colecção fotos dum valor histórico incalculável. Foi graças a estas preciosidades que o testemunho de injustiças humanas ficou registado. Ainda que a memória seja tão fraca, não há como fugir da imagem, nem da verdade. Uma colecção impressionante e extraordinária.

Video:
Dr. Burns’s Quest for Truth - Newsweek

Fotos:
Rare and Unusual Photos and Images From the Burns Archive - Newsweek

Thought of you


Thought of You from Ryan J Woodward on Vimeo.

From the wonderful blog Jellyfish Tales

segunda-feira, 7 de março de 2011